Atuação do agente comunitário de saúde em municípios rurais remotos do Semiárido: uma análise a partir de múltiplos olhares
Este estudo teve como objetivo analisar a atuação do Agente Comunitário de Saúde (ACS) em Municípios Rurais Remotos (MRR) a partir dos atributos essenciais e derivados da Atenção Primária à Saúde (APS), e na perspectiva de enfermeiras e usuários da APS. Para identificação e análise da prática dos ACS, foram analisadas 40 entrevistas semiestruturadas realizadas com os próprios ACS, enfermeiras e usuários, segundo eventos traçadores, vinculados às Equipes de Saúde da Família (EqSF) de Unidades Básicas de Saúde localizadas na sede de quatro municípios e em suas respectivas zonas rurais, no semiárido nordestino do estado da Bahia (3) e do Piauí (1). Os resultados mostram forte atuação dos ACS em relação aos atributos primeiro contato e integralidade, com escopo ampliado, sobretudo nas zonas rurais dos MRR. A intermediação e a facilitação do acesso ocorrem por meio do forte vínculo com os territórios e famílias e na ausência de outros recursos assistenciais. As ações individuais mediante visitas domiciliares foram mais prevalentes em detrimento de ações coletivas e comunitárias. Foi identificada a realização de procedimentos domiciliares por ACS rurais, como aferição de pressão arterial e curativos. Na ausência de sistemas de informação integrados, os ACS atuavam também em ações de coordenação horizontal. Sobre as práticas desenvolvidas com os usuários, segundo eventos traçadores, foram identificadas ações direcionadas a todos os grupos, com maior ênfase nas gestantes. Os ACS garantem a visita domiciliar com periodicidade mensal para todas as gestantes, mesmo as residentes em áreas descobertas e de difícil acesso, são os principais responsáveis pelo agendamento do papanicolau e utilizam estratégias para possibilitar o uso correto e racional dos medicamentos por usuários hipertensos. As populações rurais apresentam barreiras mais severas de acesso aos cuidados em saúde, em sentido estrito e ampliado, sendo legítimo e desejado que as práticas dos ACS e EqSF sejam forjadas a partir das necessidades reais identificadas nos territórios. Reconhecer tais especificidades e valorá-las por meio de estratégias de educação permanente, reconhecimento simbólico e financeiro, provisão dos meios adequados para seu desenvolvimento em sincronia às demais ações das equipes, da qual o ACS é componente essencial, pode ser um caminho, inclusive, para potencializar outros componentes da APS reconhecidamente estratégicos para o enfrentamento das desigualdades sociais em saúde.
Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Saúde da população rural; Estratégia Saúde da Família; Ruralidade; Enfermagem.
Autores |
Jéssica de Oliveira Sousa
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Países |
Brasil
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Periódico |
Todos
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Idioma |
Português
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Ano |
2021
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Própria |
1
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Tipo |
Dissertação
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