Outra região que se caracteriza por lógica espacial própria é a do Norte de Minas, que agrega também o Vale do Jequitinhonha. Sem dúvida, esta área pode ser considerada como uma das mais importantes “zonas opacas” da região concentrada, espelhando sobremaneira o desigual processo de constituição do território mineiro. O Estado de São Paulo pode ser considerado, a partir da década de 30, como núcleo dinâmico da industrialização brasileira. Especialmente, as regiões sul e leste de Minas integraram-se comercialmente ao centro de expansão industrial paulista, com intensificação das relações capitalistas de produção. O mesmo não aconteceu com as demais regiões mineiras, acentuando as desigualdades regionais (Cano, 2007). Acrescenta-se que Minas Gerais se caracterizou por fornecer mão-de-obra para o crescente mercado paulista, especialmente nas décadas de 50 e 60 do século XX, contribuindo ainda mais a perda da população rural (Cano, 2007; Rigotti & Campos, 2009).

Por outro lado, a região do Norte de Minas acabou por ter uma baixa inserção no circuito econômico nacional, podendo ser caracterizada como uma área de grandes carências. De tal modo que a própria Sudene, criada pela lei 175 de 07 janeiro de 1936, inclui o Norte de Minas em sua área de atuação, incorporando-o funcionalmente ao Nordeste, integrada à região denominada semiárido brasileiro, dadas às características de escassez hídrica, causada por longos períodos de estiagem, e do bioma de transição entre cerrado e caatinga (Brasil, 2005).

Do conjunto dos MRR brasileiros, 24 se localizam em Minas Gerais, sendo que destes, 22 no norte, mais especificamente nas mesorregiões do Norte de Minas e Jequitinhonha.