Livro sobre Atenção Primária à Saúde em municípios remotos vence o Prêmio Jabuti Acadêmico

O livro Atenção Primária à Saúde em Municípios Rurais Remotos no Brasil, da Editora Fiocruz, ficou em primeiro lugar na categoria Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social do Prêmio Jabuti Acadêmico. A cerimônia de entrega da premiação anual foi realizada em 6 de agosto de 2024, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Foram revelados os vencedores das 29 categorias, distribuídas nos eixos de Ciência e Cultura e Prêmios Especiais, nos quais 1.953 obras foram inscritas.

Criado em 2024, o Prêmio Jabuti Acadêmico tem como foco obras acadêmicas publicadas em língua portuguesa no Brasil, buscando o reconhecimento e a divulgação de contribuições relevantes para o desenvolvimento científico, social, político e cultural do país. É uma realização da Câmara Brasileira do Livro com apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Essa foi a primeira edição da premiação. A curadoria foi do físico brasileiro Marcelo Knobel, professor titular na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os autores premiados em cada uma das categorias receberam uma estatueta e um prêmio de R$ 5 mil.

O livro Atenção Primária à Saúde em Municípios Rurais Remotos no Brasil é organizado pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) Márcia Cristina Rodrigues Fausto e Ligia Giovanella (também pesquisadora do CEE-Fiocruz), ao lado de Patty Fidelis de Almeida, da Universidade Federal Fluminense, Adriano Maia dos Santos, da Universidade Federal da Bahia, e Aylene Bousquat, da Universidade de São Paulo. “Uma imensa alegria. O reconhecimento de um trabalho coletivo de pesquisa desvendando o SUS no interior dos interiores. Uma equipe de pesquisadores e de estudantes de pós-graduação que contou com o apoio também do  CEE-Fiocruz e de nosso querido Antonio Ivo, para sua finalização”, comemora Ligia Giovanella, à frente, com a também pesquisadora Maria Helena Mendonça, do projeto integrado de pesquisa Atenção Primária na Rede SUS, do Centro. 

A obra aborda as particularidades dos contextos rurais remotos brasileiros, tendo em vista a organização e provisão da Atenção Primária à Saúde (APS), alinhada aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). E é resultado do trabalho realizado pelo grupo de pesquisa interdisciplinar e interinstituicional do CNPq Pesquisas em Atenção Primária à Saúde e é fruto de cooperação do Ministério da Saúde com a Fiocruz.

O livro é composto de 14 capítulos, distribuídos em três partes, mais a Introdução, voltados à discussão sobre acesso e organização da APS nos diferentes cenários de realização da pesquisa e relacionados com dificuldades observadas em todos os territórios do estudo.

Na Introdução, os organizadores apresentam o tema saúde em território rural remoto no Brasil e as lacunas de investigação e de definição de políticas públicas voltadas para esses territórios. É um convite à reflexão sobre os permanentes desafios para a implementação de políticas de saúde orientadas para a superação de barreiras de acesso e ampliação da equidade e do direito à saúde em localidades frequentemente invisibilizadas.

Na primeira parte do livro, quatro capítulos buscam contextualizar temas necessários à compreensão do cenário rural no Brasil, como conceitos, definições e desigualdades socioespaciais. Apresenta-se a experiência de se produzirem pesquisas em áreas de difícil acesso e o recorte metodológico adotado na pesquisa.

A segunda parte conta com seis capítulos, que abordam temas relacionados à organização e ao acesso aos serviços de APS em territórios rurais remotos nas seis áreas definidas no estudo: Norte Estradas, Norte Águas, Matopiba [região que se estende por territórios fronteiriços dos estados do Maranhão, Tocantis, Piauí e Bahia] , Norte de Minas Gerais, Semiárido e Vetor Centro-Oeste.

Já na terceira parte, discutem-se temas transversais relevantes para a estruturação de políticas de fortalecimento da APS em áreas rurais remotas brasileiras: a força de trabalho em saúde, o trabalho de agentes comunitários de saúde e a necessária interlocução entre serviços de APS e a comunidade.

A obra busca instigar o interesse investigativo acerca de realidades singulares, pouco exploradas, por vezes, invisibilizadas e não dimensionadas no financiamento, planejamento e execução de políticas públicas.

Sobre os organizadores

Márcia Cristina Rodrigues Fausto é assistente social sanitarista, doutora em saúde coletiva; professora e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz.

Adriano Maia dos Santos é odontólogo, doutor em saúde pública; docente do Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia, professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva na mesma instituição e líder do grupo de pesquisa Observatório Baiano de Redes de Atenção à Saúde.

Aylene Bousquat é médica, doutora em medicina preventiva; professora do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Livre-docente pela FSP/USP e pesquisadora do CNPq.

Ligia Giovanella é médica sanitarista, doutora em saúde pública, com pós-doutorado no Instituto de Sociologia Médica da Universidade J. W. Goethe de Frankfurt (Alemanha); pesquisadora sênior da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz.

Patty Fidelis de Almeida é psicóloga, doutora em saúde pública, com pós-doutorado em saúde pública pela Universidade de São Paulo; professora e pesquisadora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense.

Acesse o site da pesquisa APS em municípios rurais remotos

Assista ao documentário Distintos territórios, múltiplos desafios

FONTE CCE-FIOCRUZ

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *